Rio Tinto alinha ações de mobilização setorial aos objetivos climáticos do Acordo de Paris
Sustentabilidade
Depois de meses de conversas com o Australasian Centre for Corporate Responsibility (ACCR), a mineradora Rio Tinto firmou compromisso inédito no setor para alinhar seus esforços de articulação e mobilização setorial com a luta contra a mudança do clima e em prol das metas nacionais e globais definidas pelo Acordo de Paris para redução das emissões de gases de efeito estufa.
De acordo com esse compromisso, as associações setoriais das quais a Rio Tinto faz parte em todo o mundo deverão atender a algumas expectativas para que continuem contando com a participação e o apoio da empresa:
•Comentários públicos sobre política energética deverão se pautar por uma abordagem tecnológica neutra. Isto significa que nenhuma tecnologia será colocada na frente das outras.
•Qualquer defesa do uso de carvão no longo prazo deverá observar que ele exige tecnologia avançada, e deve ser consistente no médio e longo prazos com as metas do Acordo de Paris.
•Posição pública contrária aos subsídios ao carvão, de forma que o desenvolvimento do fornecimento de energia seja feito de uma forma neutra em termos de tecnologia, consistente com as metas de Paris.
• Reconhecer a contribuição valiosa que as energias renováveis realizam na redução de emissões e sem prejudicar o papel que elas desempenham no portfólio energético.
• Comentários sobre descarbonização e precificação de carbono serão enquadrados pelos mesmos princípios de neutralidade tecnológica.
•Apoiar as metas de redução de emissões dos governos, conforme apresentado e oficializado no Acordo de Paris.
Para o ACCR, o anúncio da Rio Tinto representa um aprofundamento nítido de seu compromisso de alinhamento de suas atividades de mobilização, articulação e advocacy através de associações industriais e setoriais com seu apoio às metas de Paris. “Este compromisso da Rio Tinto sinaliza fortemente para as associações industriais a importância de alinhar suas ações de advocacy com os objetivos globais do Acordo de Paris”, afirma Brynn O’Brien, diretor executivo da ACCR. “Ou essas associações deixam de defender subsídios para o carvão ou a Rio Tinto as abandonará. Esperamos que isso seja visto de maneira bastante favorável pelos maiores investidores da empresa”.
Nos últimos anos, a oposição estridente de algumas associações setoriais nacionais e internacionais contra ações climáticas vem causando desentendimentos sérios entre essas coalizões e seus membros. Companhias como BHP Billiton, Glencore e Shell anunciaram recentemente a revisão do trabalho de advocacy realizado pelas associações setoriais das quais fazem parte para reforçar o alinhamento entre os compromissos climáticos assumidos pelas empresas e a mobilização e a articulação de seus representantes setoriais.
“Talvez a exigência mais significativa feita pela Rio Tinto a suas associações industriais seja a de argumentar contra os subsídios públicos à geração de energia através de carvão”, reforça O’Brien. “Esse compromisso exige que muitas das associações industriais do setor de mineração modifiquem profundamente seu posicionamento para que possam manter a Rio Tinto como um de seus membros”.
Na Austrália, que sedia parte do grupo industrial da Rio Tinto, a companhia faz parte de associações como o Conselho de Mineração da Austrália (MCA), uma coalizão setorial conhecida por se opor frontalmente a iniciativas públicas para reduzir emissões de GEE e apoiar fontes renováveis de energia no país. Caso queira manter a Rio Tinto entre seu grupo de associados, a MCA precisará mudar bastante seu posicionamento e sua ação nesse sentido.
“Se quisermos limitar o aquecimento global a menos de 2 graus Celsius de maneira realista, não podemos tolerar que essas organizações continuem agindo de maneira contrária, influenciando formuladores e tomadores de decisão e retardando a implementação urgente de ações necessárias para reduzir emissões”, conclui O’Brien.
No Brasil, a empresa possui uma planta de exploração de minério de ferro em Corumbá, no Mato Grosso do Sul.
Conexão Mineral - Notícia mais lida na Conexão Mineral em abril 2025